A RACHADINHA DA COVAXIN, em que estão envolvidos o presidente, generais e o líder do governo na Câmara, entre outros, era o elo que faltava para convencer o conjunto da sociedade e as elites em cima do muro que Bolsonaro, além de genocida, é também corrupto e por isso tem de ser afastado por um impeachment.
Depois do escândalo da compra superfaturada da vacina Covaxin, no valor de R$ 1,6 bilhão, verdadeiro “batom na cueca”, que nem a manchete vergonhosa da Folha, escondendo nome Bolsonaro por trás de “Saúde sabia do risco da Covaxin e manteve contrato”, vão impedir o rápido avanço do movimento pelo impeachment do genocida corrupto.
Ao lado do crescimento do repúdio popular nas ruas cresce também a articulação de bastidores das forças civis e militares da direita não bolsonarista e ex-bolsonarista para afastar Bolsonaro, procurando se adiantarem à pressão do povo. Como segunda opção, tais vão tentar manipular as manifestações para usar o povo como bucha de canhão de seus interesses, exatamente como fizeram com as manifestações de 2013 contra a presidenta Dilma.
A grande diferença entre o antibolsonarismo popular e o da oposição de direita reside na defesa que esta faz da política econômica ultra liberal do ministro Guedes, que o mercado financeiro quer manter com Mourão presidente e no governo eleito em 2022.
Essa divergência de fundo, que as forças populares nunca devem deixar de explicitar para as massas, é, no entanto, secundária na luta atual pelo impeachment de Bolsonaro.
Se a oposição da direita quer tirar as bandeiras vermelhas das ruas e oposição popular tem mais é de encher as ruas de vermelho, a cor universal do povo quando luta por seus direitos. É isso o que acontecerá com as próximas e provavelmente maiores manifestações pelo impeachment do próximo 24 de julho.
Do jeito que o processo político se acelerou com o escândalo da rachadinha da Covaxin, não demora para que o ruim/péssimo de 49%, apontado pela pesquisa do Ipec, suba para 60% e os 24% de ótimo/bom despenque de vez para 15% ou menos.
Isso acontecendo, dentro desse contexto de deterioração do quadro político, não tem mais quem segure o genocida na presidência.
Val Carvalho – escritor e militante de esquerda.