No momento em que o presidente da República faz ameaças contra as instituições, lembro-me da “Campanha da Legalidade” – movimento ocorrido em 1961, no Rio Grande do Sul, liderado pelo então governador Leonel Brizola. Legalidade porque exigia o cumprimento da Constituição por parte dos militares que tentavam impedir a posse do vice-presidente João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros. 60 anos depois, não há consenso a respeito das decisões tomadas por Jango e Brizola.
Apesar de serem cunhados, amigos e de terem ideais em comum, as trajetórias que forjaram as personalidades dos dois são bem diferentes. Na Revolução de 1823, os pais deles participaram, em lados opostos, de um conflito sangrento entre chimangos e maragatos no RS. O estancieiro Vicente Goulart, pai de Jango, era aliado dos chimangos, e o pai de Brizola, o tropeiro José Brizola, estava entre os maragatos. José foi assassinado em uma emboscada dos soldados governistas, quando Brizola tinha apenas um ano.
Goulart, nascido em uma família rica, estudou nos colégios que formavam os filhos da aristocracia e graduou-se em Direito. O fato de seu pai ter influência o ajudou a entrar para a política. Conheceu o presidente Getúlio Vargas, amigo da família. Já o menino Brizola, muito pobre, filho de uma professora que o alfabetizou, foi engraxate e jornaleiro. Sua vontade de estudar chamou a atenção do prefeito de Carazinho, sua cidade natal, que pagou sua passagem de ônibus para Porto Alegre. Na capital, ele trabalhava como ascensorista e concluiu o curso técnico. Graduou-se em Engenharia.
Em reação à ameaça de golpe contra Goulart, em 1961, o governador Brizola montou uma estação com a qual comandou 104 emissoras, formando a “Cadeia da Legalidade”. Por essa rede radiofônica, transmitia seus discursos 24 horas, conclamando os brasileiros a reagirem. Milhares de gaúchos protestaram nas ruas até o comandante do III Exército, general Machado Lopes apoiar a legalidade.
Jango aceitou a solução do parlamentarismo. Após 14 dias de tenso impasse, ele foi empossado. Entretanto, três anos depois, os militares conseguiram efetivar o golpe em 1964 e destituíram o presidente Goulart. Ele e Brizola foram para um longo e triste exílio no Uruguai. Jango só voltou ao Brasil para ser enterrado.
Cresci ouvindo as pessoas perguntarem: quem estava com a razão, Brizola ou Jango? Resistir ou não resistir? Uns acham que se Jango reagisse, teria acontecido um “banho de sangue”. Outros acham que se ele tivesse resistido, o Brasil seria um país mais democrático e não estaríamos, de novo, sob ameaças golpistas.
Acredito que Jango e meu avô Brizola – que hoje descansam no mesmo mausoléu, em São Borja, RS – se complementavam, apesar das diferenças de temperamento. Eram democratas e fizeram o que acharam melhor para o Brasil naquele momento.
(*) Por Juliana Brizola é deputada estadual, líder da bancada do PDT na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
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