Às 14h02 de sexta-feira, 30 de dezembro, Bolsonaro levantou voo em Brasília no avião presidencial da FAB em que embarcava para os Estados Unidos e desembarcava em definitivo de seu próprio governo um dia e meio antes do fim de seu mandato.
Pouco depois a Policia de Brasília era alertada para um fato que em outras circunstâncias seria banal e passaria despercebido: um homem desceu de um carro perto do Supremo Tribunal Federal e depositou numa lixeira o que nas imagens de uma câmera de segurança parecia ser uma caixa. Em seguida, o homem voltou ao carro e foi embora.
Dias antes um caminhoneiro descobrira sobre um dos eixos de seu veículo, estacionado nas imediações do Aeroporto de Brasília, uma caixa que não tinha nada de estar ali e felizmente ele retirou e levou para longe, sem mexer nela. Ela continha, como verificou o esquadrão antibomba da polícia, o poderoso explosivo que o terrorista George Washington de Souza encarregara o cúmplice Alan dos Santos Rodrigues, em encontro no acampamento bolsonarista diante do QG do Exército, de colocar junto a um poste de luz, mas o cúmplice preferira deixar num caminhão tanque carregado de querosene numa das pistas de acesso ao Aeroporto de Brasília.
Pouco depois a recepcionista de um hotel no centro de Brasília, certamente impressionada pelo que vinha acontecendo na cidade, desconfiou do que via no monitor de uma das câmeras de segurança da entrada do prédio: um homem que andava por ali largara no chão, perto do depósito de gás do hotel, a mochila que levava. A polícia foi avisada, o esquadrão antibomba descobriu que na mochila só havia roupas e o caso parece ter sido arquivado, como se a mochila tivesse sido esquecida ali. Mas ela não foi esquecida, ela foi deliberadamente largada perto de um depósito de gás. Talvez fosse um aviso, uma ameaça para manter vivo o clima de intimidação: olha esta mochila só tem roupas, mas a próxima pode estar carregada…
Diante do que acontecia em Brasília, o caso da lixeira perto do Supremo só podia despertar suspeitas, ainda que a caixa contivesse apenas, por exemplo, os restos de um lanche. Bolsonaro já estava longe, mas deixara o governo suficientemente acéfalo para que mesmo auxiliares seus decididos a colaborar com a transição não pudessem agir em caso de necessidade: por exemplo, o Chefe do Gabinete Civil, Ciro Nogueira fora demitido de manhã. Bolsonaro não passara o governo ao Vice Hamilton Mourão e este, automaticamente investido no exercício da Presidência, limitava-se a anunciar que faria um pronunciamento pela TV na noite do revéillon.
Tal situação deixava um vazio de poder até a tarde de domingo, quando Lula seria empossado em sessão conjunta do Congresso e ficaria apto a tomar decisões como chefe do governo. Os bolsonaristas que continuavam a agir em Brasília poderiam, nesse vazio de poder, tentar violências como a da noite em que tentaram invadir a sede da Polícia Federal e queimaram ônibus e carros?
O acampamento bolsonarista diante do QG do Exército continuava parcialmente de pé e participantes dele diziam que não voltariam para casa porque Bolsonaro, em sua live de despedida, não pedira isso. Outros, revoltados, xingavam Bolsonaro, sentindo-se abandonados, mas muitos, ali e fora dali, estavam decididos a fazer alguma coisa para perturbar a posse de Lula.
De longe, ao desembarcar em Miami, Bolsonaro poderia considerar, como o menino emburrado que é, que se vingava deixando o Brasil em suspense, com a segurança de Lula tendo de discutir se ele desfilará em carro aberto pela Esplanada dos Ministérios ou se terá de usar um carro fechado e blindado.
Se a decisão for contra o desfile em carro aberto, muito mais coisa vai ter de mudar nas cerimônias da posse.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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