Mentir, e repetir a mentira envolta em ódio e violência é o modus operandi característico do fascismo em todas as épocas. No passado, tais mentiras ou fake news (como são chamadas hoje) eram divulgadas pelo rádio, imprensa e comícios. Atualmente isso é feito ltambém pelas redes sociais, emissoras de televisão e até mesmo pelo presidente, nos seus cercadinhos e lives semanais e pelo seu gabinete do ódio, que funciona no próprio palácio do Planalto.
Na realidade, desde que tomou posse como presidente não tem uma declaração pública de Bolsonaro que não seja uma mentira, uma fake news. Segundo o cálculo da ONG internacional Artigo 19, no ano passado Bolsonaro mentiu 1686 vezes, mais de 4 mentiras por dia.
O que vemos agora é a intensificação do terrorismo da desinformação bolsonarista dirigida contra Lula e o PT como reação à sua liderança nas pesquisas para 2022. Ao lado do auxílio emergencial de 400 reais, para tentar barrar Lula na base popular, Bolsonaro estende para a economia o seu mundo paralelo criado por fake news, como é o caso da divulgação de dados fictícios de empregos. E retoma também as mentiras contra a urna eletrônica e suposta fraude nas eleições para justificar seu projeto de golpe contra uma provável vitória de Lula.
Episódios como o do rackeamento do iFood ou do noticiário falso da TVRecord, que sem provas acusa Lula de ter recebido financiamento do narcotráfico, devem se repetir cada vez mais, como se fossem uma reedição das mentiras da Lava Jato.
Mesmo entendendo que a capacidade das fake news de influenciar a sociedade atualmente é bem menor do que foi em 2018, quando não havia ainda a trágica experiência de governo de Bolsonaro e predominava na sociedade a onda conservadora criada durante o golpe do impeachment, acho que o uso das fake news será muito maior em 2022 e sem dúvida isso representa um grande risco para a democracia.
Nesse campo não pode haver subestimação, especialmente quando sabemos que se forma uma articulação fascista internacional para ajudar Bolsonaro em 2022. Por isso o PT está correto em acionar a justiça contra as fake news do presidente, das redes sociais e da grande mídia, e a esquerda como um todo precisa pressionar o STF e o Congresso Nacional a reagirem de forma contundente contra essa perigosa forma de terrorismo da desinformação.
No entanto, apesar das punições corretas do ministro Alexandre Moraes contra os “peixinhos” do gabinete do ódio, desconfio que a grande mídia fará “cara de paisagem” sobre essa nova onda de fake news contra Lula por causa de seu favoritismo eleitoral, contra o qual fará de tudo para tentar impedir a sua vitória.
(*) Val Carvalho – escritor e militante de esquerda