No caos que é o comportamento do governo Bolsonaro em relação à Covid, tivemos em dois dias seguidos duas manifestações contraditórias de seu Ministério da Saúde. Isso não surpreende, surpreendente seria o contrário, toparmos com duas posições coerentes em dois dias seguidos.
A primeira manifestação, negacionista como sempre, foi a do Ministro Marcelo Queiroga, ao saber que a Anvisa tinha liberado a vacina Coronavac, do Instituto Butantan, para crianças: ele esperaria que a resolução fosse publicada no Diário Oficial, uma espera inteiramente desnecessária, pois a reunião da diretoria da Anvisa fora transmitida ao vivo pela TV.
Enquanto esperava, Queiroga viajou ao interior de São Paulo para visitar uma menina que teria morrido depois de uma parada cardíaca atribuída à vacinação. A menina, logo se soube, era vítima de uma doença rara, até então desconhecida da família, e passou mal por causa dela, não da vacina. O fiasco de Queiroga foi comparável ao de Bolsonaro, lá atrás, ao comemorar com seu foguetório verbal a interrupção dos testes brasileiros da mesma Coronavac, devido à morte de um dos milhares de testadores. Logo, porém, se soube que a morte desse testador nada tinha a ver com a experimentação da vacina: ele morrera de overdose de alguma droga ou se suicidara.
Quem não esperou pelo Diário Oficial foi o Governador João Dória, candidato do PSDB à Presidência, que tem sob sua jurisdição o Butantan e deu início imediatamente à incorporação da Coronavac à vacinação das crianças em São Paulo e anunciou que ela seria disponibilizada para outros Estados assim que garantidos os estoques para a população paulista.
Isso obrigou o Ministério da Saúde a um segundo posicionamento, em contradição com o primeiro e também com a decisão antipática e irracional que tomara no ano passado, de excluir a Coronavac de sua lista de compras de vacinas para este ano.
Nessa nova tomada de posição, anunciada maliciosamente pelo próprio Butantan, Queiroga decidiu encomendar 7 milhões de doses da Coronavac, a serem incorporadas ao Plano Nacional de Imunizações e redistribuídas em todo o Brasil. Se não fizesse isso, Queiroga deixaria ainda em pior situação popular a tentativa de reeleição de Bolsonaro, atropelada pela entrega direta a Estados e municípios da vacina do candidato Dória.
Nesse entrelaçamento entre as vacinas e a campanha presidencial, Queiroga e Bolsonaro podem ter-se lançado a outro desastre pela veiculação de um comercial de TV, exibido vez ou outra em horário de grande público pelo menos pela GloboNews. Esse anúncio pretendia promover a vacinação das crianças e recorria até à presença do querido e simpático Zé Gotinha, símbolo de todas as campanhas de imunização desde 1987, no governo Sarney, mas seu texto era antivacina ao recomendar que os país consultassem um médico antes de levar os filhos aos postos de vacinação.
A simples veiculação desse anúncio com a imagem do Zé Gotinha naquele contexto denunciava a atitude subversiva de Bolsonaro e Queiroga e será fatalmente levada ao exame do Supremo, que em mais dez dias estará reaberto. Até mesmo a pouca veiculação do comercial e a mera concepção de seus dizeres deve ser investigada para deixar perante o futuro tribunal da história – ou de uma nova CPI se o Senado conseguir criá-la – mais essa prova de uma fieira interminável de crimes contra todos os brasileiros.
(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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